4 min de leitura

A virada energética é o mais importante projeto de política econômica e ambiental da Alemanha e denomina a transformação do abastecimento de energia no país, abandonando petróleo, carvão, gás e energia atômica rumo às energias renováveis. O objetivo da Alemanha é tornar-se em grande parte neutra em relação aos gases de efeito estufa até 2045. Pelo menos 80% do abastecimento de eletricidade e 60% de todo o abastecimento energético deverão vir de fontes renováveis. Já até o ano de 2022, serão desativadas sucessivamente todas as usinas nucleares. Desde 2019, apenas seis usinas nucleares ainda estão ligadas à rede.

O governo federal leva adiante assim a reestruturação do sistema de energia sustentável, iniciado em 2000 com a resolução de abandonar a energia nuclear e com o fomento da Lei de Energias Renováveis (EEG). A política de apoio às energias renováveis data na Alemanha da década de 1990 e foi tornada definitiva com a entrada em vigor da EEG no ano 2000.

Reduzir a dependência de importações

Foi também em 2000 que o governo federal acordou com as empresas fornecedoras de energia o abandono da energia nuclear até 2022. Assim, as resoluções do governo federal sobre a virada energética, em 2011, são parte de uma longa tradição de reforma do suprimento energético em prol das fontes de energia renováveis. A reestruturação acelerada do sistema energético, decidida pelos partidos representados no Bundestag em 2011 após o desastre de Fukushima e amplamente apoiada pela população, é considerada “um passo necessário em direção a uma sociedade industrializada comprometida com a sustentabilidade e a preservação da natureza“. No entanto, não só o meio ambiente e o clima devem ganhar com a virada energética, mas também a economia nacional. Em ­especial deve ser reduzida a dependência das importações internacionais de petróleo e gás natural. A Alemanha gasta anualmente cerca de 45 bilhões de euros com a importação de carvão, petróleo e gás natural. Esta soma deve ser substituída sucessivamente, nos próximos anos, pela geração interna de valores no setor das energias renováveis, medidas que, além disso, resultam em novas oportunidades de exportação e geram mais empregos.


Continua leitura após divulgação

Usar a energia de forma mais eficiente

­Outra medida essencial consiste em fortalecer o “segundo pilar” da virada energética, reduzindo o consumo e aumentando a eficiência energética. No final de 2019, o governo alemão adotou a Estratégia de Eficiência Energética 2050 (EffSTRA). Até 2030, o consumo de energia primária deverá ser reduzido em 30% em relação a 2008. Juntamente com associações empresariais e grupos da sociedade civil, os Estados federais e representantes da comunidade científica, são analisadas formas de reduzir o consumo pela metade até 2050 e desenvolvidos planos concretos para o período até 2030 e 2050.Já foram obtidos bons resultados na indústria e em grandes empresas artesanais, onde os padrões são elevados. Mas continua sendo necessário reduzir o consumo em empresas de menor porte e edifícios públicos. O saneamento de prédios antigos contribui significativamente para o aumento da eficiência energética e é incentivado pelo governo federal. As emissões de dióxido de carbono em edifícios representam 30 % do total.

Primeira lei de proteção climática obrigatória no mundo

O Programa de Proteção Climática do governo alemão, adotado no final de 2019 e revisado em 2021, prevê portanto limites máximos para as emissões em edifícios e outras áreas. Além disso, a Lei de Proteção Climática estipula que as emissões de dióxido de carbono dos transportes e edifícios estarão sujeitas a um preço fixo. Isto já se aplicava ao setor energético e à indústria de consumo intensivo de energia no âmbito do comércio europeu de emissões. A partir de janeiro de 2021, o preço será inicialmente de 25 euros por tonelada de CO2. Até 2025, aumentará gradualmente para 55 euros. Com o Programa de Proteção Climática deverá ser atingida a meta climática para 2030: 65% menos emissões de gases de efeito estufa em relação a 1990. O governo alemão é o primeiro governo do mundo a estabelecer, na Lei de Proteção Climática, uma meta nacional obrigatória de proteção do clima. 

A virada energética não tem em vista apenas a minimização de riscos, mas também a redução dos impactos sobre o clima e uma maior segurança no suprimento. A taxa da energia limpa na matriz energética aumentou consideravelmente com a ampliação acelerada das energias renováveis. A energia verde teve uma participação de 42,1 % em 2019. Conforme a situação do tempo, as instalações fotovoltaica e eólica podem cobrir até 90% da demanda da eletricidade na Alemanha. Mais de 66% das novas residências já são aquecidas com energias renováveis. Em 2020 há 1,7 milhão de usinas solares fotovoltaicas com capacidade nominal de cerca de 49,5 gigawatts. Com este desempenho, a Alemanha se encontra em quarto lugar, depois da China, dos EUA e do Japão.

A Lei de Energias Renováveis como exemplo internacional

A Lei de Energias Renováveis (EEG), um conjunto de normas de estímulos bem-sucedido e visto em muitos países como exemplo, foi modificada em 2014. A meta era garantir que os custos da segurança do suprimento se mantivessem acessíveis aos cidadãos e à economia. As cotas do rateio estipulado pela lei, segundo o qual os custos mais altos da ampliação das fontes limpas são distribuídos entre os consumidores, haviam subido muito com a grande expansão de usinas solares e a mudança no método do cálculo dos preços após 2009. Isso provocou uma grande discussão na opinião pública a respeito dos custos das energias renováveis e da virada energética. Desde 2014, a taxa EEG tem permanecido relativamente constante entre seis e sete centavos por quilowatt hora, com ligeiras flutuações. Além disso, o governo federal está trabalhando em uma nova estruturação do sistema energético, que garanta a estabilidade da rede apesar do aumento considerável da quantidade oscilante de energia solar e eólica. Para isso é preciso que exista energia de backup sempre disponível, gerada de preferência por usinas a gás, que emitem menos CO2 que usinas a carvão. A virada energética não exige apenas a construção de novas usinas verdes. Para a segurança do suprimento é necessário que as redes se adaptem às mudanças no sistema de geração. Para tanto está sendo planejada a construção de várias centenas de quilômetros de novas linhas de transmissão. A energia eólica que é gerada principalmente no norte da Alemanha pode assim ser transportada aos grandes centros consumidores de energia no sul do país. O planejamento original, de construir as linhas de transmissão sobre o solo, foi abandonado em razão de protestos populares. Em 2015, o governo federal decidiu que as linhas de transmissão seriam subterrâneas. As grandes vias de transmissão deverão entrar em funcionamento não antes de 2025 e não mais em 2022, como originalmente planejado. Além disso, as redes regionais também precisam ser ampliadas para serem abastecidas com a energia solar descentralizada. 


Fonte: Perfil da Alemanha


E se você quiser receber mais novidades do nosso blog, peça para entrar em nossa linha de transmissão! Basta clicar na imagem, e enviar seu contato para nós!

Comentários
* O e-mail não será publicado no site.