Nos anos 1920, os leiteiros saíam em suas carroças carregadas de tarros – grandes tambores de latão que armazenavam o leite. Naquela época, garrafas eram raras e caras, então o leite era servido diretamente nesses recipientes. Ao chegar nas casas, o leiteiro despejava o leite de forma habilidosa, mas muitas vezes usava uma concha especial, em forma de copo, para transferir o leite do tarro para as jarras dos clientes.
Os tarros, também chamados de tambores de leite, variavam em tamanho e eram peças fundamentais no transporte. Curiosamente, o termo "tambo" também designava o local onde o leite era retirado, ou seja, o próprio ponto de ordenha.
Em Bagé, RS, essa prática tradicional de entregar leite com carroças resistiu até meados de 1972 e 1973, quando a industrialização e os avanços na distribuição começaram a transformar o setor.
A Industrialização do Leite no Rio Grande do Sul
A modernização do setor leiteiro no Rio Grande do Sul teve um marco importante com a criação da CCGL (Cooperativa Central Gaúcha Ltda.), detentora da marca Elegê, em 1976. Formada como uma resposta às necessidades de organização econômica dos pequenos produtores, a CCGL foi fundada pela Federação do Trigo e Soja do Rio Grande do Sul (FECOTRIGO).
Em 1977, a CCGL já coletava cerca de 10 milhões de litros de leite, representando 2,29% do total produzido no estado. Esse número cresceu expressivamente ao longo dos anos, e, em 1991, a cooperativa foi responsável por impressionantes 59,90% da coleta de leite do Rio Grande do Sul, consolidando seu papel na industrialização e modernização do setor.
Essa transição dos leiteiros das carroças para a coleta em grande escala reflete as mudanças econômicas e sociais que transformaram a produção e o consumo de leite ao longo das décadas.
A história do leite no Rio Grande do Sul é, portanto, uma mistura de memória afetiva e avanços industriais, simbolizando a adaptação e o crescimento de um setor essencial para a região.
Fonte: Marcos do pampa
