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Isso depende muito do nível de proficiência da língua alemã.

Uma pessoa loira na Alemanha que não fale alemão é assumida normalmente como um imigrante do Leste Europeu. Então não necessariamente alguém que pareça alemão é acolhido como um, porque a língua e a cultura exercem um papel bem importante nas relações pessoais e profissionais. 

Eu cheguei com um nível bem mediano, B1, de alemão. E eu já tinha uma boa noção da cultura local, então as pessoas me perguntavam se eu era da Holanda ou de algum país escandinavo. 

Esse conhecimento superficial da língua e da cultura foram suficientes para eu me sentir bem recebido. Dentro de dois meses eu já estava sendo chamado para eventos típicos do norte da Alemanha, como viajar para comer Repolho Verde em Bremen, ir ao Volksparkstadion para assistir jogos do HSV ou participar de churrascos ao estilo alemão. 

Claro que nem tudo são flores, e por vezes a gente se mete em algumas enrascadas. 

Seja por falta de proficiência na língua, seja por falta de domínio dos costumes locais. Um exemplo pessoal meu é a dificuldade que eu tenho em chegar no mesmo nível de trabalho em equipe dos alemães. 

Desde a creche eles são treinados para trabalhar como um único conjunto forte, ao invés de indivíduos separados.

Mesmo durante a escola eles sentam coladinhos, para que os alunos possam trocar informações e comparar suas anotações com as do colega ao lado. 

Então muitas vezes eu sofro para encaixar a minha mentalidade de indivíduo querendo se destacar que eu trouxe do Brasil dentro da cultura forte de trabalho em equipe que os alemães possuem. 


E às vezes essa e outras diferenças na mentalidade me causam problemas. 

Mas potencialmente a nossa recepção pode ser sim muito boa, desde que se tenha uma mente muito aberta para uma nova forma de enxergar o mundo e muita disciplina para aprender a língua. 

Eu conheço outros latino-americanos descendentes de alemães que vieram para a Alemanha, e o sentimento é sempre o mesmo. Nos sentimos bem recebidos e tentamos nos integrar ao máximo, mas 100% de integração é impossível. 

Existe para cada pessoa um limite saudável de quanto assimilamos dos costumes locais e quanto guardamos da cultura que trouxemos conosco. Às vezes nos sentimos parte de ambas as culturas e às vezes não nos sentimos parte de nada. 

E essa é uma benção e uma maldição que irá nos acompanhar para sempre, mesmo que voltemos para nossa terra natal. 




Publicação original aqui

Imagem: Alexsander Hoffmann

Referência: Portal Brasil Alemanha 


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